Direção: Fábio Barreto.
Roteiro: Denise Paraná, Fábio Barreto, Daniel Tendler, Fernando Bonassi.
Apesar de um diretor falho e inúmeros problemas, Lula, O Filho do Brasil não é um filme ruim, e deve emocionar boa parte do público. A biografia de Luiz Inácio Lula da Silva tem ingredientes cinematográficos de sobra, um arco dramático clássico de superação quase que infalível, e esse aspecto é bem explorado pelo roteiro, as passagens da vida do presidente, desde o nascimento na pobre e árida Caetés, no sertão de Pernambuco, até as dificuldades e tragédias familiares que ele enfrentou em São Paulo antes de se tornar um aclamado líder sindical são mostradas sem muita pieguice, ou tentativas de “divinizá-lo”.
O maniqueísmo existe de fato em alguns diálogos ou através da trilha sonora sempre pontuando com maior intensidade os momentos mais dramáticos, mas é algo que não chega a prejudicar, por que apesar da direção incompetente, as atuações estão impecáveis, os três atores que interpretam Lula de sua infância a fase adulta são ótimos, com destaque para Rui Ricardo Diaz que o interpreta na fase adulta, reparem como à medida que o filme avança, ele vai alterando gradualmente, sem exageros, seu timbre de voz até deixá-la praticamente idêntica a do presidente, no discurso de posse, é provável que você pense que é o próprio Presidente falando, mas é a voz de Rui Ricardo, o que ressalta a eficácia da performance, pois acostumando aos poucos nossos ouvidos, ele conseguiu fugir da caricatura (já nos habituamos a ver imitações do presidente feitas por humoristas na televisão, e seria muito fácil cair na risada, principalmente nas cenas mais dramáticas ou românticas, se não fosse o talento do ator), Glória Pires como a mãe, dona Lindú, como sempre, está excelente e esbanjando ternura, Cléo Pires tem pouco tempo em cena para mostrar algo, como a primeira esposa de Lula, já Juliana Baroni funciona muito bem como Marisa, e todo o elenco secundário também é eficaz, o único ponto fraco é Milhen Cortaz com um unidmensional Sr. Aristides (Pai do Lula), que existe na trama apenas ressaltar a bravura de mãe e filho.
O problema do filme definitivamente está mais no medo dos realizadores, de serem taxados de cabos eleitorais, assim, um filme sobre um dos políticos mais populares que o Brasil já teve, acabou sendo apolítico. Passagens importantes na vida de Lula como a criação do PT e as eleições de 1989 contra Collor, foram ignoradas, e o pouco mostrado da fase sindicalista é muito mal explorado, sempre tentando distanciá-lo ao máximo da esquerda e do socialismo, o que de certa forma é verdade, Fidel Castro, no ato da posse de Lula, disse que nunca o viu como um socialista, e sim como um humanista, as adversidades que ele enfrentou que o levaram para a esquerda, mas o filme exagera na construção de uma imagem não-radical, que pelo menos naquela época, não existia.
Durante a fase sindicalista, também há uma falha na construção da ascensão política do personagem, é fato que Lula é um excelente orador, até seus adversários políticos reconhecem isso, mas os discursos que acompanhamos são simples e rápidos, o que tira um pouco de sua credibilidade, se não conhecêssemos o personagem, seria difícil acreditar que aquele homem se tornou tão rapidamente uma figura emblemática entre os trabalhadores brasileiros.
O maniqueísmo existe de fato em alguns diálogos ou através da trilha sonora sempre pontuando com maior intensidade os momentos mais dramáticos, mas é algo que não chega a prejudicar, por que apesar da direção incompetente, as atuações estão impecáveis, os três atores que interpretam Lula de sua infância a fase adulta são ótimos, com destaque para Rui Ricardo Diaz que o interpreta na fase adulta, reparem como à medida que o filme avança, ele vai alterando gradualmente, sem exageros, seu timbre de voz até deixá-la praticamente idêntica a do presidente, no discurso de posse, é provável que você pense que é o próprio Presidente falando, mas é a voz de Rui Ricardo, o que ressalta a eficácia da performance, pois acostumando aos poucos nossos ouvidos, ele conseguiu fugir da caricatura (já nos habituamos a ver imitações do presidente feitas por humoristas na televisão, e seria muito fácil cair na risada, principalmente nas cenas mais dramáticas ou românticas, se não fosse o talento do ator), Glória Pires como a mãe, dona Lindú, como sempre, está excelente e esbanjando ternura, Cléo Pires tem pouco tempo em cena para mostrar algo, como a primeira esposa de Lula, já Juliana Baroni funciona muito bem como Marisa, e todo o elenco secundário também é eficaz, o único ponto fraco é Milhen Cortaz com um unidmensional Sr. Aristides (Pai do Lula), que existe na trama apenas ressaltar a bravura de mãe e filho.
O problema do filme definitivamente está mais no medo dos realizadores, de serem taxados de cabos eleitorais, assim, um filme sobre um dos políticos mais populares que o Brasil já teve, acabou sendo apolítico. Passagens importantes na vida de Lula como a criação do PT e as eleições de 1989 contra Collor, foram ignoradas, e o pouco mostrado da fase sindicalista é muito mal explorado, sempre tentando distanciá-lo ao máximo da esquerda e do socialismo, o que de certa forma é verdade, Fidel Castro, no ato da posse de Lula, disse que nunca o viu como um socialista, e sim como um humanista, as adversidades que ele enfrentou que o levaram para a esquerda, mas o filme exagera na construção de uma imagem não-radical, que pelo menos naquela época, não existia.
Durante a fase sindicalista, também há uma falha na construção da ascensão política do personagem, é fato que Lula é um excelente orador, até seus adversários políticos reconhecem isso, mas os discursos que acompanhamos são simples e rápidos, o que tira um pouco de sua credibilidade, se não conhecêssemos o personagem, seria difícil acreditar que aquele homem se tornou tão rapidamente uma figura emblemática entre os trabalhadores brasileiros.
O alto custo da produção pode ser visto na boa reconstrução de época, o famoso discurso para 100 mil pessoas no estádio da Vila Euclides é recriado de maneira autêntica, algo inédito na produção nacional, a fotografia com tons granulados e cores lavadas, apesar de já ser lugar comum, ajuda na hora de unir as cenas do filme com imagens reais de arquivo.
Foi um erro grave dos produtores ignorarem a história política, diria até covardia (será que acharam que assim, iriam agradar também os opositores do presidente?), isso poderia ser evitado se o filme fosse lançado após o fim do mandato, o que seria mais ético por parte dos realizadores (o mesmo erro cometeu Oliver Stone, com a biografia W.) e Fábio Barreto ainda demonstra suas limitações ao copiar em diversos momentos o sucesso 2 Filhos de Francisco, principalmente na conclusão da história, e ao introduzir alguns rápidos falshbacks absolutamente desnecessários e artificiais, mas o excelente elenco e a própria história de Lula, por si só cativante, ajudaram o filme a não ser um total embaraço.
Foi um erro grave dos produtores ignorarem a história política, diria até covardia (será que acharam que assim, iriam agradar também os opositores do presidente?), isso poderia ser evitado se o filme fosse lançado após o fim do mandato, o que seria mais ético por parte dos realizadores (o mesmo erro cometeu Oliver Stone, com a biografia W.) e Fábio Barreto ainda demonstra suas limitações ao copiar em diversos momentos o sucesso 2 Filhos de Francisco, principalmente na conclusão da história, e ao introduzir alguns rápidos falshbacks absolutamente desnecessários e artificiais, mas o excelente elenco e a própria história de Lula, por si só cativante, ajudaram o filme a não ser um total embaraço.
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