sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Crítica de Cinema: Centurião.

Centurião, Centurion, 2010, Inglaterra.
Direção: Neil Marshall
Roteiro: Neil Marshall
Elenco: Michael Fassbender, Dominic West, Olga Kurylenko, David Morrissey.

Centurião inicia com uma cena em que o herói, Quintos Dias (Fassbender), um centurião do exército romano corre em fuga pela neve, surge uma narração do próprio soldado na qual ele explica que aquilo não é o começo nem o final da história, então a narrativa volta um pouco no tempo, pouco mais de 15 minutos de projeção se passam e descobrimos do que ele estava fugindo, ficando evidente o total despropósito daquela cena ter sido adiantada, de fato, ela só foi apresentada daquela forma, porque o diretor e roterista Neil Marshal julgou que seria interessante.
A narrativa é bastante simples, uma legião romana é exterminada por um tribo de bárbaros, os Pictos, apenas Quintos e outros seis companheiros sobrevivem, numa tentativa de resgatar o general capturado, eles matam o filho do líder dos Pictos, e passam a ser impiedosamente caçados pelos bárbaros, liderados pela guerreira Etain (Kurylenko), a partir daí o filme se concentra unicamente nessa perseguição, o que de forma alguma seria ruim, na verdade, as melhores sequências do filme são justamente as que envolvem esse jogo de gato e rato, o problema do filme reside justamente na intenção de se criar uma áurea épica.
Marshal já mostrou que sabe construir uma clima de tensão constante, é dele o ótimo Abismo do Medo, e isso se repete aqui, os vilões surgem ameaçadores e não oferecem trégua, as batalhas são muito bem coreografadas e sangrentas, embora o excesso de gore consequentemente reduz o impacto das cenas, pois na medida que tornam-se repetitivas caem no lugar comum.
Infelizmente o roteiro dele peca pela esquizofrenia, estamos claramente diante de um filme "B", mas os diálogos insistem que se trata de um épico, a narração, como já foi dito, já começa de maneira equivocada, e volta a ser empregada em outros dois momentos igualmente dispensáveis para passar mensagens edificantes, em outros instantes, a fuga dos heróis é mostrada em planos plongée que dão destaque as paisagens enquanto a trilha ganha acordes poderosos de maneira idêntica a vista na trilogia O Senhor dos Anéis nas cenas que mostram a comitiva do anel ou a perseguição aos Orcs que sequestraram Pippin e Merrin no início de As Duas Torres.

Para piorar ainda surge um interesse romântico para o herói já praticamente no final do filme, como se Marshal só tivesse percebido que estava faltando um romance quando estava prestes a finalizar o roteiro e com preguiça de revisar toda a história, resolveu acrescentá-la a partir de onde já estava.
De qualquer forma, é inegável os méritos do diretor ao conseguir imprimir bastante agilidade a narrativa, o filme jamais se torna cansativo (a metragem de cerca de 90 minutos também ajuda), mas pior que a mania de grandeza do roteiro, é vermos mais um filme em que os heróis são os imperialistas, e os bárbaros são simplesmente... bárbaros.

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