
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga e Jeffrey Wright
Por Caio Viana.
Duncan Jones se estabeleceu em Hollywood após comandar sua obra de estreia, Lunar, deixando, de uma vez por todas, de ser apenas o filho de David Bowie. Com talento e inventividade o diretor mostrou que tinha futuro na indústria cinematográfica surpreendendo toda a crítica com uma ficção-científica de baixo orçamento, mas muito bem orquestrada, e que garantiu para o ator Sam Rockwell um das grandes atuações de sua carreira. Era normal que sua produção seguinte fosse aguardada com certa ansiedade. Iria Jones se tornar apenas uma promessa, como M. Night Shyamalan? Ou realmente teria talento para construir um currículo ascendente? Com a chegada de Contra o Tempo, tais perguntas podem ser respondidas, pelo menos em parte.
A película narra a história do capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), que desperta num trem cercado por pessoas estranhas e poucos minutos antes que o mesmo venha a explodir num atentado terrorista. Em instantes, Stevens percebe que está dentro de um programa chamado Código Fonte, comandado pelo exército norte-americano, no qual, repetidas vezes, voltará no tempo oito minutos antes da explosão com o intuito de descobrir quem comandou o ataque. Nesse ínterim, o capitão tenta entender como foi parar dentro do programa e qual seu propósito. A fita ainda conta com Vera Farmiga na pele de uma oficial do Código Fonte, Jeffrey Wright como o cientista por trás do projeto e Michelle Monaghan interpretando uma passageira do trem por quem Stevens, inevitavelmente, acaba se apaixonando.
Lunar era um filme centrado numa trama, sem escapar dela, e justamente por isso, bem explorado. Obviamente, por ser um projeto complexo, angariou ótimas críticas ao redor do mundo, mas não foi comercialmente viável. Talvez tentando corrigir esse “problema”, Duncan Jones investe em mais um roteiro cheio de trunfos, mas que falha justamente quando tenta se aproximar do público, carregando a história com subtramas desnecessárias, personalidades inverossímeis e um final feliz. Apesar de trazer um enredo batido – alguém preso no tempo e tentando encontrar uma saída – o roteirista Ben Ripley supera esse estigma ao explorar outras nuances, começando pela idéia de não se ater exatamente a uma prisão temporal, mas a um programa de computador controlado por humanos. É eficaz também o mistério que cerca o capitão Colter Stevens, que tem como última lembrança o campo de batalha no Afeganistão, sem saber como foi parar no projeto. À medida que o personagem central vai juntando as peças desse quebra-cabeça ao passo em que tenta desvendar os mistérios no trem, o filme ganha ritmo e pontos positivos. Porém, como citado antes, começa a se perder ao tentar investir num romance forçado entre o protagonista e a garota linda, honesta e gentil que ele só vê durante oito minutos repetidos à exaustão. A tensão entre eles simplesmente não convence e corta grande parte do suspense da narrativa nos momentos que vem à tona.
Outro demérito da película consiste nas suas interpretações. Já ficou mais que provado que Gyllenhaal é um ator dramático que, quando jogado em meio à correria de um filme de ação, vide Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, parece perdido, deslocado daquilo que sabe fazer. Em Contra o Tempo ele se utiliza, mais uma vez, de uma expressão carrancuda e constantemente preocupada, distanciando os tormentos do seu personagem das atenções do público. Jeffrey Wrigh também se equivoca ao compor um cientista cheio de trejeitos impossível de ser levado a sério, apesar de sua voz marcante pontuar várias partes importantes do filme. Já Vera Farmiga desenvolve um papel interessante, mas é sabotada pelo roteiro quando, para que a projeção termine “para cima”, se afasta daquilo que uma oficial em sua posição faria, principalmente por se tratar de uma ação tão repentina e injustificada para alguém que só observava frases na tela do computador. Por fim, a Michelle Monaghan resta vestir uma personagem limitada que, apesar de bonita, pouco pode fazer em oito minutos enquanto segue os passos do herói de lá para cá como uma sombra.

Numa película rápida - aproximados 90 minutos - seria muito mais eficaz para a obra se diretor e roteirista tivessem centrado suas atenções no que realmente importa, como foi feito em Lunar, que possui duração semelhante. As ideias sugeridas pelo roteiro para justificar sua existência seriam, por si só, capazes de manter o filme girando sem denegrir a ação que este pede, já que o ocorrido com Stevens e o atentado no trem, além do Código Fonte, são temas intrigantes. Isso fica provado quando o capitão corre de um lado para outro atrás dos possíveis suspeitos, prendendo o espectador na cadeira, ou mesmo criando raiva e frustração ao assistimos, impossibilitados de interferir, a situação claustrofóbica pela qual passa o protagonista enquanto está confuso e preso a uma câmara escura e gelada. É justamente nessas passagens que Duncan Jones mostra seu talento, revelando o excelente potencial que tem.
Assim, este novo diretor faz um filme de ação eficiente e tenso, graças, em parte, a uma montagem interessante, mas que perde forças quando explora as ondas já navegadas do cinema convencional e se entrega de braços abertos a um final pouco criativo, saído diretamente das entranhas do seriado Fringe. Se investisse apenas no seu tema, atendo-se à ficção-científica, provavelmente seria um belo exemplar do gênero. Agora resta aguardar pelo próximo trabalho do diretor para entender que rumo ele seguirá em sua carreira, e que este Contra o Tempo tenha sido apenas um percalço.
A película narra a história do capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), que desperta num trem cercado por pessoas estranhas e poucos minutos antes que o mesmo venha a explodir num atentado terrorista. Em instantes, Stevens percebe que está dentro de um programa chamado Código Fonte, comandado pelo exército norte-americano, no qual, repetidas vezes, voltará no tempo oito minutos antes da explosão com o intuito de descobrir quem comandou o ataque. Nesse ínterim, o capitão tenta entender como foi parar dentro do programa e qual seu propósito. A fita ainda conta com Vera Farmiga na pele de uma oficial do Código Fonte, Jeffrey Wright como o cientista por trás do projeto e Michelle Monaghan interpretando uma passageira do trem por quem Stevens, inevitavelmente, acaba se apaixonando.
Lunar era um filme centrado numa trama, sem escapar dela, e justamente por isso, bem explorado. Obviamente, por ser um projeto complexo, angariou ótimas críticas ao redor do mundo, mas não foi comercialmente viável. Talvez tentando corrigir esse “problema”, Duncan Jones investe em mais um roteiro cheio de trunfos, mas que falha justamente quando tenta se aproximar do público, carregando a história com subtramas desnecessárias, personalidades inverossímeis e um final feliz. Apesar de trazer um enredo batido – alguém preso no tempo e tentando encontrar uma saída – o roteirista Ben Ripley supera esse estigma ao explorar outras nuances, começando pela idéia de não se ater exatamente a uma prisão temporal, mas a um programa de computador controlado por humanos. É eficaz também o mistério que cerca o capitão Colter Stevens, que tem como última lembrança o campo de batalha no Afeganistão, sem saber como foi parar no projeto. À medida que o personagem central vai juntando as peças desse quebra-cabeça ao passo em que tenta desvendar os mistérios no trem, o filme ganha ritmo e pontos positivos. Porém, como citado antes, começa a se perder ao tentar investir num romance forçado entre o protagonista e a garota linda, honesta e gentil que ele só vê durante oito minutos repetidos à exaustão. A tensão entre eles simplesmente não convence e corta grande parte do suspense da narrativa nos momentos que vem à tona.
Outro demérito da película consiste nas suas interpretações. Já ficou mais que provado que Gyllenhaal é um ator dramático que, quando jogado em meio à correria de um filme de ação, vide Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, parece perdido, deslocado daquilo que sabe fazer. Em Contra o Tempo ele se utiliza, mais uma vez, de uma expressão carrancuda e constantemente preocupada, distanciando os tormentos do seu personagem das atenções do público. Jeffrey Wrigh também se equivoca ao compor um cientista cheio de trejeitos impossível de ser levado a sério, apesar de sua voz marcante pontuar várias partes importantes do filme. Já Vera Farmiga desenvolve um papel interessante, mas é sabotada pelo roteiro quando, para que a projeção termine “para cima”, se afasta daquilo que uma oficial em sua posição faria, principalmente por se tratar de uma ação tão repentina e injustificada para alguém que só observava frases na tela do computador. Por fim, a Michelle Monaghan resta vestir uma personagem limitada que, apesar de bonita, pouco pode fazer em oito minutos enquanto segue os passos do herói de lá para cá como uma sombra.

Numa película rápida - aproximados 90 minutos - seria muito mais eficaz para a obra se diretor e roteirista tivessem centrado suas atenções no que realmente importa, como foi feito em Lunar, que possui duração semelhante. As ideias sugeridas pelo roteiro para justificar sua existência seriam, por si só, capazes de manter o filme girando sem denegrir a ação que este pede, já que o ocorrido com Stevens e o atentado no trem, além do Código Fonte, são temas intrigantes. Isso fica provado quando o capitão corre de um lado para outro atrás dos possíveis suspeitos, prendendo o espectador na cadeira, ou mesmo criando raiva e frustração ao assistimos, impossibilitados de interferir, a situação claustrofóbica pela qual passa o protagonista enquanto está confuso e preso a uma câmara escura e gelada. É justamente nessas passagens que Duncan Jones mostra seu talento, revelando o excelente potencial que tem.
Assim, este novo diretor faz um filme de ação eficiente e tenso, graças, em parte, a uma montagem interessante, mas que perde forças quando explora as ondas já navegadas do cinema convencional e se entrega de braços abertos a um final pouco criativo, saído diretamente das entranhas do seriado Fringe. Se investisse apenas no seu tema, atendo-se à ficção-científica, provavelmente seria um belo exemplar do gênero. Agora resta aguardar pelo próximo trabalho do diretor para entender que rumo ele seguirá em sua carreira, e que este Contra o Tempo tenha sido apenas um percalço.
Caio Viana é Crítico de Cinema editor do Cinematrilha.
Apesar dos problemas do filme, é sempre interessante termos uma história original nos cinemas, isso é tão raro hoje em dia, é tudo adaptado.
ResponderExcluirsinto muito mas concordo com o amigo ai em cima
ResponderExcluiro filme foi muito legal e surpreendente tambem
essa critica foi nada a ver