sexta-feira, 4 de junho de 2010

Crítica de Cinema - O Príncipe da Pérsia, As Areias do Tempo

Princípe da Pérsia: As Areias do Tempo, Prince of Persia, The Sands of Time, EUA, 2010.
Direção:
Mike Newell
Roteiro: Doug Miro, Carlo Bernard



Baseado no jogo de vídeo game homônimo de 1989, mas precisamente na versão moderna de 2003, os produtores de Príncipe da Pérsia: As areias do tempo, até tentam ser honestos com o público, convocando um diretor e uma equipe técnica competente para comandar o projeto, além do apoio direto do próprio criador do jogo para garantir fidelidade a adaptação, infelizmente vários tropeços levam o filme a um caminho contrário do pretendido.
A trama narra as aventuras do príncipe Dastan (Jake Gyllenhaal), que quando criança é adotado pelo Rei da Pérsia que se encanta por ele após uma demonstração de bravura, já adulto, Dastan encontra uma estranha adaga durante a conquista de uma cidade, em seguida é acusado de matar o seu pai adotivo, e durante a fuga e a busca para provar sua inocência acaba descobrindo que a adaga utilizada em conjunto com uma espécie de areia mágica tem o poder de levar o seu portador a viajar no tempo.
Recheado de sequências de aventura, a origem de jogo de plataforma é muito bem lembrada, em vários momentos, Dastan, salta de telhado em telhado e atravessa vários obstáculos como podemos fazer no jogo, e é nessas cenas que residem as melhores sequências de ação do filme, em contrapartida, todas as cenas de luta de espadas, são burocráticas e sem inventividade, o que é um péssimo sinal para um filme que pretendia ser o novo Piratas do Caribe.
Outro problema, reside na escolha do herói, Jake Gyllenhaal é um ator competente e corajoso, mas mesmo se esforçando, inclusive apresentando uma ótima forma física, ele não convence como herói de ação, o resto do elenco, parece ter saído direto de outros sucessos do cinema, a mocinha, princesa Tamina (Gemma Aterton, belíssima) lembra a personagem de Rachel Weisz em A Múmia, tem até um inexplicável sotaque britânico, já Sheik Amar (Alfred Molina), que passa a ajudar o herói, lembra Sallah, o companheiro de aventuras de Indiana Jones interpretado por John Rhys-Davies, fechando o elenco principal, o veterano Ben Kingsley como Nizam, o ambicioso irmão do Rei lembra qualquer outro personagem de qualquer filme com as mesmas características, e para piorar o ator parece estar no piloto automático, como se quisesse dizer, - foda-se, só estou aqui pelo dinheiro!A própria história pregressa de outras adaptações para o cinema, seja de quadrinhos, livros ou de jogos, já provaram que o que funciona numa mídia, pode não funcionar em outra, e é o que em parte, acontece aqui, a trama aparentemente complexa acaba pouco desenvolvida justamente por se limitar ao enredo e ao formato do jogo, e o fato de sabermos que qualquer problema grave que surge, pode ser resolvido utilizando a adaga para voltar no tempo e corrigir a coisas, sabota qualquer tentativa de impacto dramático, e acreditem, o filme utiliza o recurso bem mais do que deveria, o roteiro ainda tenta passar um subtexto polítco com relação a atual guerra do Iraque que só soa despropositado.
Na louvável tentativa de ser fiel as origens, o filme pode até ter agradado aos fãs, mas acabou limitando o projeto, como cinema, inclusive pelo final bobo e até mesmo, covarde. Felizmente, os acertos, como a escolha de Mike Newell para dirigir, a deslumbrante fotografia e o próprio tom de diversão, impedem que o filme seja um desastre total, funcionando como um bom passatempo, ainda que, descartável. Mas lembrem-se, podia ser pior, já imaginou se o produtor Jerry Bruckheimer convida-se o amigo Michael Bay para dirigir?

2 comentários:

  1. A escolha de Jake Gyllenhaal para interpretar Dastan não foi tão ruim assim, ja que nos jogos o personagem principal (Prince) parece ser meio bobão :D provavelmente você não vai ler, mas muito bom o seu blog!

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  2. Leio todos os comentários Jonis,
    aliás gostaria que os leitores comentassem mais!
    obrigado pelos elogios e volte sempre!

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