Crítica de Cinema - O Último Mestre do Ar

O Último Mestre do Ar, The Last Airbender, EUA, 2010.

Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Noah Ringer, Dev Patel, Aasif Mandiv, Jackson Rathbone, Shaun Toub, Nicola Peltz.

Desde quando M. Night Shyamalan lançou Sinais eu já vinha perdendo a confiança no diretor, confiança que se esvaiu de vez com o péssimo A Dama da Água e com o ainda pior Fim dos Tempos, confesso portanto, que fui ver O Último Mestre do Ar com má fé, pronto para falar mal, algo que não me orgulho, e por isso mesmo tenho que admitir, apesar de longe de ser uma obra prima, o filme tem mais qualidades que problemas, por outro lado, os problemas residem justamente nas escolhas do diretor.

Assisti poucos episódios do desenho, portanto não posso dizer se o roteiro do próprio Shyamalan é fiel, mas visualmente ficou muito parecido, na trama, o mundo é dividido em quatro nações: a Nação do Fogo, o Reino da Terra, a Tribo das Águas, e os Nômades do Ar. Os habitantes de cada nação possuem a habilidade de controlar o elemento que lhes corresponde, mas a cada geração surge uma pessoa que pode controlar os quatro elementos, o Avatar. Logo nos primeiros minutos, sabemos que o jovem Aang é o Avatar, que retornando após um "descanso" forçado de 100 anos encontra o mundo ameaçado pela dominação da ambiciosa Nação do Fogo.
Dessa vez, Shyamalan se mostrou mais comedido na direção, rapidamente reconhecemos os seus enquadramentos característicos e bem trabalhados e a preferência por planos-sequência, mas felizmente não abusou dos longos close-ups que testaram a paciência do espectador em seus últimos trabalhos, assim, as sequências de ação são beneficiadas, os planos mais longos, diferente da edição frenética tão comum nos filmes de ação atuais, permitem que observamos cada detalhe das batalhas, uma pena que sejam tão poucas, o que demonstra o primeiro grande erro de Shyamalan que parece não compreender as preferências do público alvo.
O roteiro demonstra dificuldades em condensar as informações de uma temporada inteira do desenho em um longa de 90 minutos, o que torna tudo muito didático, os diálogos não surgem para desenvolver os personagens e sim para explicar o que está acontecendo, mas o maior erro reside no tom demasiado sério que o diretor emprega, a escassez de humor é incompatível com uma obra de fantasia infanto-juvenil.O elenco de desconhecidos (para se ter uma idéia o mais conhecido é Dev Patel, protagonista de Quem quer ser um Milionário? que interpreta o príncipe Zuko da Nação do Fogo) se sai razoavelmente bem sendo prejudicados mais pelos diálogos do que por falta de talento, mas o garoto Noah Ringer que protagoniza a história é muito competente tanto nas sequências de luta quanto nas mais intimistas.
Foi um exagero as críticas absurdamente negativas que o filme recebeu inclusive do público, a narrativa é envolvente e os efeitos especiais são muito bons, portanto é evidente que a antipatia crescente ao estilo do diretor contribuiu para a "malhação" do filme, mas nem todas as críticas são infundadas, afinal é o erro no tom empregado pelo diretor que não permitiu que O Último Mestre do Ar fosse melhor, Shyamalan deveria ter abrido mão do roteiro e passado a bola para alguém com mais habilidade para o mainstream, perdeu a chance de dar a volta por cima por causa do ego.